Vida de AuPair; Entrevistando Mariana Mello

Olha eu aqui novamente, falando sobre intercâmbio. Já fazia tempo que não apresentava para vocês mais um ''sobrevivente'' lá fora, né? Esse é um dos assuntos que eu mais gosto no blog, porque sempre quis e quero fazer intercâmbio, então, ler sobre a experiência dos outros é maravilhoso.
Hoje apresento a Mariana Mello, essa coisinha fofa e linda que é super divertida e carismática. Ela foi tão fofa quando aceitou o convite para ser entrevistada aqui no blog, obrigada Mari, de verdade.
A conheci da mesma forma que conheço todos os outros intercâmbistas ''famosos''.  O youtube é a ferramenta ideal para quem quer documentar a sua experiência e para quem quer buscar referências para quando for a vez de ir. Então, vamos conhecer a Mari?

BBBJ - Quando e como foi que você tomou a decição de ser Au Pair? Você tinha quantos anos? E por quais motivos resolveu largar tudo no Brasil e ir para os EUA?
MM - Decidi ser aupair em 2010, na época eu tinha 23 anos. Eu havia terminado a faculdade de Direito há um ano e estava meio “perdida”, trabalhava num emprego que não era muito a minha cara (assistente financeiro) e estava entrando em depressão. Foi quando eu decidi que ia mudar a situação e morar fora por um tempo. Depois de muitas pesquisas e de lembrar que uma conhecida havia sido aupair, percebi que essa era a melhor escolha pra mim.

BBBJ - Sua família foi a favor? Seus pais aceitaram de cara ou ficaram com o ''pé atrás''?
MM -
No momento que decidi ser aupair, meu primeiro passo foi contar pros meus pais, mesmo estando com medo da reação. E não deu outra, a discussão foi feia. Meu pai foi o maior problema, ele não tem a mente aberta como a minha mãe. Foi complicado explicar o processo pra alguém que não fazia o mínimo esforço pra entender. Me lembro dele dizendo que não permitiria e não pagaria, mas quando eu disse que não precisava nem da permissão dele nem do dinheiro, que só estava comunicando uma escolha minha, foi quando a coisa ficou feia e ficamos um tempo sem nos falar. Hoje estamos bem, eles tiveram que aceitar e por fim me apoiaram.

BBBJ - Quanto tempo levou para você fazer todo o seu processo? Teve algumas dificuldades? Você foi por qual agência?
MM - A decisão mesmo de ser aupair foi tomada lá pelo mês de março de 2010, mas como eu teria que arcar com todo o custo do programa, tive que esperar um pouco mais para procurar a agência e entregar a minha documentação. Fiquei online em outubro daquele mesmo ano, mas somente depois de 6 meses, em março de 2011, que eu tive o meu match pela Cultural Care. Durante todo este tempo eu abdiquei de muita coisa para não gastar dinheiro, mas não me arrependo. Outra grande dificuldade foi a falta de apoio inicial. Diversas vezes eu me vi sozinha, mas eu estava correndo atrás de um sonho que era meu, só meu. Isso sem falar no preconceito, pois as pessoas que não sabem a respeito do que é realmente ser aupair, nos julgam o tempo todo. O que mais ouvia era “nossa, vai largar tudo pra ser babá?”. É, foi difícil sim, mas não impossível.



BBBJ - E a escolha da Host Family? Com quantas famílias você conversou, antes de fechar o match? Quais foram seus requisitos para tal escolha? 
MM - O meu match foi uma história engraçada. Mas antes dessa família, conversei com mais outras 4 (duas de Dallas, uma de Chicago e uma de Atlanta) e quase fechei com a de Atlanta, mas na época a host mom me dispensou porque eu tinha namorado. A minha Host Family eu encontrei no GAP (Great AuPair) mas eles já eram da minha agência, conversamos muito por e-mails e depois por Skype, e já na primeira conversa ela falou que queria fechar comigo. E foi assim, 4 dias de conversas e eu tinha meu match.
Eu lembro mais ou menos dos requisitos que eu tinha, mas o maior deles era não trabalhar de fim de semana. Um ou outro é normal, mas todos não ia dar certo. Afinal eu queria passear, conhecer os lugares e aproveitar meu tempo por aqui. Também não queria curfew, já imaginou o desespero? Ah claro que tiveram outras coisas menores como carro, poder receber amigas. Acho que cada um sabe as suas prioridades, o negócio é se imaginar vivendo aqui, aí você saberá quais são os seus objetivos e se esta família se adepta a isso.

BBBJ - Para qual estado/cidade você foi? É um bom lugar para morar? Quais as diversões que você tem ai?
MM - Eu moro em Oceanside, New York, mais precisamente em Long Island, há 40 minutos de trem de New York City. Eu simplesmente sou apaixonada por aqui, pois a cidade onde eu moro não é cidade grande, é tranquila, mas também não é “roça”. Tem muitos shoppings, parques, pubs e claro, praias. Sem contar que por ser tão perto de NYC eu vivo indo pra lá, que eu nem preciso dizer que tem milhares de coisas pra fazer pra todos os tipos de gostos (e bolsos).
Outra coisa boa é que temos outras grandes cidades ao redor, viagens que podemos realizar nos finais de semana, como Washington D.C., Philadelphia e Boston.


BBB - E as amizades ai, como são? Eu acompanho seus vídeos/blog e sei que você tem várias amigas brasileiras. Você tem amigos nativos? Como é a relação com eles? Eles são realmente complicados como todos dizem?
MM -
Eu costumo dizer que brasileiros são como ímãs, se atraem. É impressionante como a gente sempre encontra um conterrâneo em qualquer lugar que a gente vá. E não sei se por falar a mesma língua, dividir a mesma cultura, manter amizade com eles é muito mais fácil. É mais simples, flui. Não digo que seja impossível ter amigos de outras nacionalidades. Eu mesmo tenho alguns amigos da Alemanha, África do Sul, Polônia e claro aqui dos Estados Unidos. Mas eu não sei se nós somos muitos “dados”, se eles são muito fechados, ou os dois. O que importa mesmo é sempre saber respeitar a diferença e aprender com isso.

BBBJ -  E com a host family? Como é seu relacionamento com eles? As crianças dão muito trabalho? São quantas?
MM -
Relacionamento com host family é um assunto que eu considero tabu. Vejo inúmeras pessoas querendo ser “parte da família”, mas acho que isso é mais um sonho mesmo. Querendo ou não, somos empregadas. Eu AMO meus pestinhas, são uns amores, hoje me respeitam e nos damos muito bem. Mas no começo foi tenso. Cuido de 3 meninos, um de 5 anos e dois (gêmeos) de 2 anos. Com os pais é a mesma coisa, tem semana que se deixar a gente se mata, no dia seguinte é só amor. Vai entender. Acho que é mesmo família né!?
Eu particularmente evito ficar com eles nos meus momentos off, pois eles sempre acabam pedindo um favorzinho e você fica sem graça de dizer não. Aí quando se toca, tá trocando fralda e olhando criança de graça. Tem que impor limite, se não vira bagunça. 


BBBJ - Ainda sobre as kids, quais são as diversões que tem por ai que você pode fazer com eles? É fácil distraí-los? Como é seu ''dia-a-dia''?
MM - Bom, o meu menino mais velho fica quase o dia todo na escola e ainda tem algumas atividades extras como futebol, baseball e karatê. Por isso o meu trabalho é mais voltado para os pequenos. Eles tem algumas atividades na biblioteca da cidade e eu costumo leva-los aos parques e em playdates. De manhã, quando eles não tem atividade, costumo ficar em casa com eles, pois enquanto eles assistem TV eu faço os serviços como laundry, arrumar os quartos e essas coisas. Eles dormem todo dia, a famosa nap time, na hora do almoço. E depois disso, quando o tempo está bom, eu os levo pra dar uma volta no bairro, no parquinho pra eles correrem, ou simplesmente fico em casa brincando no quintal, que é grande e tem um playground só deles.

BBBJ - Sobre viagens... Todo sonho de pré Au Pair são as viagens que ela vai poder fazer enquanto estiver ai. Quais foram os locais que você já conheceu? É mesmo fácil viajar por ai? Quais as dicas que você dá para as meninas/meninos que estão chegando ou ainda estão no processo?
MM -
Realmente as viagens aqui valem muito a pena! Eu já tive duas férias, na primeira fui pra Miami e Key West na Flórida e um cruzeiro pra Bahamas. Nem preciso dizer que foi insano né? Já na segunda semana de férias, eu fui pra Orlando, mas não só nos parques da Disney, fui também ao Universal, Sea World e Busch Gardens. Olha, vou te dizer uma coisa, que sonho realizado!
Também fiz pequenas viagens aqui pela região, como Penssylvania, Massachussets, New Jersey e claro, no estado de New York. Essa semana mesmo vou aproveitar o feriado do Memorial Day pra conhecer Washington D.C.
A principal dica que eu dou a respeito de viagens é não aceite host Family com schedule que inclui trabalho aos finais de semana. Esse foi um dos requisitos que eu tinha. Eu já trabalhei alguns finais de semana, claro, mas não todos. Trabalhar aos sábados “mata” qualquer possibilidade de viajar. Vai por mim.
BBBJ -  E a saudade de casa? É muita? Dá vontade de largar tudo ai e vir correndo para o colinho da mamãe e do papai? O que você faz para passar e continuar até o final?
MM - Saudade? Nem preciso dizer né!? Tem dias que a vontade é de juntar tudo e correr pro aeroporto pegar o primeiro avião pra casa. Mas quem foi que disse que seria fácil? Infelizmente não podemos ter tudo na vida, a gente sempre precisa abdicar de uma coisa pra ter outra, é a lei da vida. E pra realizar esse sonho de estar aqui, tive que abdicar da presença da minha família no meu dia-a-dia. Eu costumo dizer pras minhas amigas que nessas horas que a saudade aperta e a gente tem a “homesick” que o melhor é colocar tudo pra fora. Chore! Mas chore muito como se o mundo estivesse acabando. Depois você vai ver que a tristeza se foi, que você sobrevivei a mais uma crise de “mimimi” e que está pronta pra próxima. O que ajuda muito também é manter-se ocupada. Eu por exemplo sou muito alto astral, não gosto de ficar sem fazer nada, pois cabeça vazia é oficina de coisa ruim, por tanto, ocupe-se sempre.


BBBJ - O que você planeja para o final de toda essa aventura? Como vai seguir sua vida aqui no Brasil? Já faz planos?
MM - Eu sou formada em direito, mas não penso em seguir essa carreira. Agora estou me preparando para fazer um teste de nivelamento de inglês, o Cambridge, que me ajudará a entrar no mercado de trabalho tanto em multinacionais como também me permitirá dar aulas de inglês.

BBBJ - Se tivesse a oportunidade de fazer tudo de novo, faria?
MM - Definitivamente sim. Às vezes eu penso “nossa, que loucura que eu to fazendo aqui?”, mas acho super válido tudo que já vivi, inclusive as partes ruins. Aliás, essas são as melhores, pois foram a que mais me ensinaram alguma lição. Vivendo 1 ano aqui eu já amadureci mais do que 5 anos no Brasil. Afinal de contas, lá eu ainda tinha mãe, pai e todo um suporte por trás. Aqui não, aqui eu to sozinha de verdade. Aqui tudo depende de mim, se eu não fizer, não vai ter quem faça. Hoje eu tenho a certeza absoluta de que essa foi a melhor escolha que eu já fiz nada vida! Se desse faria de novo, e de novo, e de novo.



BBBJ - Quais os conselhos que você daria para as meninas/meninos que estão indo?
MM - Minha mãe já dizia que conselho se fosse bom, a gente não dava, vendia. Mas eu acho que umas dicas não fazem mal a ninguém, certo? Primeiro com relação ao match: não tenha pressa em encontrar a sua Host Family, não feche com qualquer uma porque eles moram no lugar que você tanto sonhou, pode ser que a família não seja a ideal pra você e no final você vai odiar o lugar porque a família transformou sua vida num inferno. Outra coisa, tire da cabeça essa coisa de família perfeita, isso não existe, é lenda. Sua família de verdade não é perfeita, você não é perfeito, vai querer sua host Family perfeita também? Existe a IDEAL, aquela que se encaixa com você. Saiba escolher!
Aproveite cada segundo, cada momento, cada etapa. A vida é corrida demais e esse tal de tempo tá voando com seu jatinho particular. Lembro como se fosse ontem a emoção do meu “I have a match”, a sensação que foi poder gritar “I got my visa” e sem dizer o que eu senti a primeira vez que pisei em New York City...
Ah e só mais uma dica bem básica pra quem, como eu, não tem apoio na decisão deste programa: não escute o que os outros tem a dizer, as pessoas tem a mania chata de querer dar opinião sobre tudo, inclusive (e principalmente) sobre o que não sabem e não entendem. E principalmente há os invejosos, que gostariam de ter a coragem que você tem, mas como não tem, querem fazer com que você desista. Se este é teu sonho, erga a cabeça e corra atrás, pois no final eu tenho certeza que terá valido a pena. • 

E ai, o que acharam da Mari? Ela é uma fofa né? O blog dela é super movimentado, cheio de posts enormes e dicas do que fazer por lá. Sem contar das histórias divertidas, que me fazem ficar rindo em frete ao computador, igual louca. Para ver tudo, é só clicar aqui.
Ela também faz alguns vídeos para o Youtube, que foi por onde a conheci. Esse vídeo é o do ano novo, que foi o qual vi e a conheci. Morri de rir com ele, mostrei para o meu irmão, e até hoje ele pergunta se tem vídeos novos dela.



Espero que curtam os vídeos, o blog e a Mary assim como eu. E que tenham curtido o post também, né? E quem será a próxima ou próximo intercâmbista, heeeein?









7 comentários:

  1. Que corajosa ela hein? Eu não sei se teria essa coragem fico feliz por pessoas que seguem e realizam os sonhos :D
    Sério que você gostou do meu post? Não sabia que agradava todas as idades, só para afirmar não tô te chamando de velha, é que meninas de 16 para baixo que leem mais meu blog ^^ Já estou participando do sorteio!!! *O*///
    Bjs

    meninasapeca.tk

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  2. Isso deve ser o sonho de todo mundo, ou pelo menos, de toda garota! rs Nossa, precisa ter coragem e força de vontade viu? hehe. Quem sabe um dia seja eu *O* rs
    ( http://intimiidadesdegarota.blogspot.com.br )

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  3. Tem que ter muita coragem e força de vontade mesmo! Adorei ler sobre a experiência dela!

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  4. Poxa, dessa vez eu resolvi ler, e preciso dizer: TIVE UM CHOQUE AO PERCEBER que uma BABA lá vive melhor do que uma advogada aqui ¬¬

    Me lembrou uma música: Que país é esse?
    É A P*** do Brasil! ¬¬¬¬¬¬¬

    Adorei. Muita força de vontade dela, muito legal *-*

    Beijos,

    Maris
    Beijos,

    Maris
    http://shestronger.com

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  5. Amei demais a entrevista e as fotos dela!! Morro de vontade de fazer algo assim também, mas meu sonho mesmo era Paris...
    Beijos, linda!

    Ann;
    Vinte & Poucos

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  6. Ahh que entrevista legal!

    Sabe, ha +- um ano, quando descobri a coisa todo de aupair fiquei mt empolgada porque é um intercambia longo, de trabalho e estudo e um dos mais 'em conta'... Mas acho que eu não poderia fazer :/
    Fico preocupada com saude num pais estrangeiro, longe demais da familia! Mas super gosto de me informar! Acho que ela falou uma coisa certa: em 1 ano, amadureceu mais do que em 5 aqui. Acho que a 'familia' d certa forma é uma segurança e as vezes não desenvolvemos todo o potencial pq sabemos que os temos por perto, diferente de se estivessemos longe! É preciso força e coragem!
    Adorei as fotos tb!
    Bem, talvez um dia eu me informe melhor e decida fazer!

    bjs
    Hey Evellyn!

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  7. "Às vezes penso... que loucura estou fazendo aqui?!" Ai, mas deve ser tão boa a sensação! Um friozinho na barriga do bem, haha
    Amei o post, entrevista bem esclarecedora pra quem tem curiosidade de morar fora, seja a trabalho ou para intercâmbio :}
    Ganhou uma nova seguidora, flor!

    www.naosouumbolinhodearroz.blogspot.com

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