Então nos vejo tão distântes um do outro. Vejo nosso silêncio constante nas ligações ou nas vezes que ficamos parados, olhando um para o outro, procurando respostas para todas as perguntas que nos afligem.
Antes, quando fazia uma ligação, em dois toques você atendia o telefone, ofegante, como quem saiu correndo do banho para atender. Hoje? São raros os dias em que você atende na minha primeira tentativa. Quando deparo-me, já estou na 10ª e me sinto uma boba por agir assim. Eram mensagens de texto constantes, quase 500 por semana, hoje não conseguimos chegar a 10. O que aconteceu?
Culpa minha? Quem sabe. Essa minha incerteza na vida, nas minhas escolhas. Esse egoísmo defeituoso que levo dentro de mim, talvez tenha feito com que eu quisesse meu mundo só para mim, sem compartilhamentos, sem curtições, só meu, no interior que existe em mim. Esse medo de entregar-me totalmente, com medo do que possa acontecer. Esse meu defeito de pensar sempre no amanhã, esquecendo de viver o hoje. A falta de coragem de mostrar meus sentimentos, os guarda as 7 chaves e os privando dentro do meu coração.
Por diversas vezes você tentou, correu atrás, perguntou ''O que houve?'', ''Você está bem?'', ''O que está acontecendo com você?'', ''O que está acontecendo com nós?'' Eu sempre negando, com aquelas típicas frases: ''Eu to bem.'', ''Você está doido.'' O pior, você as permitiu, você deixou, e eu? Me afastei...
Hoje, sentada aqui, escrevo tudo isso. Já é a 13ª vez que te ligo, você não atende e deixa cair na caixa postal. Você ignora-me? Ou realmente não vê o celular? Será? É quase impossível. E mesmo sabendo que você vai chegar, vai me olhar e aquele silêncio vai continuar, espero que a noite mude, que algo dentro de nós mude, que possamos não sentir mais saudades.
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